"Que os visitantes do Além e de outras dimensões visitam nosso mundo de forma aleatória, muitos sabem e até inclusive já presenciaram fatos sobrenaturais com esses visitantes misteriosos. Mas o que eles querem quando adentram em nosso mundo? Teriam alguma missão, ou seria só uma forma de nos vigiar?"
"O Relato a seguir é justamente sobre uma dessas visitas misteriosas."
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Eu nasci no ano de 1982. Então em 1990 eu tinha oito anos.
Eu era uma criança, no dizer dos meus pais, "pidona", sabe aquela criança que quer tudo o que vê e quando quer, sai debaixo!
Eu era assim.
Passava uma propaganda de boneca na TV e eu dizia: "Pai compra pra mim!"
Enquanto meu pai não respondesse que compraria eu não sossegava.
Claro que não dava pra meus pais comprarem tudo que eu queria, afinal eu tinha mais três irmãos.
Então em 1990, meus pais iam batizar uma prima nossa, chamada Regiane.
Estava acontecendo todas aquelas preparações para o batizado. Então meus pais foram comprar a roupinha do batizado.
Sabe aquele vestido cheio de babados que eram usados naquela época? Branquinho, com meias brancas e sapatos brancos?
Era assim.
Eu tinha sido batizada na religião católica ainda bebê e não me lembrava dos preparativos.
Meus pais compraram o vestido da nossa prima e os sapatos, e quando estávamos saindo da loja eu vi exposto ali na vitrine um vestido.
Era um vestido lindo, branco, de batizado também. Ele tinha aplicado uma rosinhas, cor de rosa, e eu me encantei:
"- Pai compra este vestido pra mim?"
"- Filha o batizado não é seu. Esse vestido é pra batizado, você nunca mais vai usá-lo. Já pensou comprar pra usar uma vez e ficar lá ,guardado? Nem pensar, e além do mais esse vestido é muito caro. É o dobro do preço que pagamos pelo de sua prima.
E assunto encerrado."
Eu chorei. Não de fazer escanda-lo, mas as lágrimas desceram do meu rosto. Eu sabia que não adiantava insistir, era não e pronto. Pensei naquele vestido o tempo todo. Ele não me saia da cabeça.
Comentava com minha mãe: "Sabe mãe, se eu ganhasse aquele vestido pra ir no batizado, eu ia ser a garota mais linda daquela festa."
Comentei e rodopiava pela sala, como se fosse uma bailarina. Meus pais achavam graça e um belo dia, faltando dois dias para o batizado, meu pai chega em casa com um pacote. Eu sempre corria ao seu encontro para beijá-lo e ver o que ele trazia pra nós.
Meu pai,sempre muito apegado aos filhos, trazia doces e chocolates todos os dias.
E naquele dia, qual não foi a minha surpresa ao abrir o pacote e ver que era o vestido que eu tanto queria.
O meu vestido! Aquele da loja. Vesti e ele parecia que foi feito pra mim. Me senti uma princesa, aquelas de contos de fadas.
Escutei minha mãe reclamando baixinho com meu pai: "Você é louco? Esse vestido e muito caro. E além do mais é muito mais bonito do que o da Regiane. Já pensou que situação embaraçosa? E ela só vai usar uma vez. Não terá outras ocasiões pra ela usar esse vestido tão espalhafatoso."
Mais meu pai se divertia com a minha cara de felicidade. Eu fiquei eufórica e muito, mas muito feliz.
Naquela noite fui dormir tarde. Coloquei o vestido envolto naquele plastico, pendurado no meu guarda roupas.
Na nossa casa haviam três quartos. Como eu era a filha mais velha, eu dormia sozinha em um, meus irmãos em outro e meus pais em outro. Eu não tinha medo de dormir sozinha.
Então guardei o vestido no guarda roupa, fiz minhas orações e deitei.
No meio da madrugada acordei incomodada com uma luz.
Era uma luz fraca amarelada, e quando meus olhos se acostumaram, vi,no meu quarto uma garotinha.
Uma garotinha que entrou ali pela porta, mais o mais fantástico, ela não abriu a porta.
Ela atravessou pelo meio dela.
Ela tinha cabelos castanhos puxados para o louro, e presos em um rabo de cavalo. E tinha um rosto sério, muito sério, como se estivesse brava.
.Fiquei intrigada e observei quando ela parou em frente a minha cama, olhando muito séria para mim.
Então eu apaguei, não me lembrando de mais nada.
No outro dia contei para minha mãe, e ela disse que foi um sonho e me perguntou se eu a conhecia.
Eu disse que não. Então mais tarde minha avó chegou em casa.
E eu falei pra ela: "Vó, espera aí que eu vou pegar o meu vestido para senhora ver como é lindo."
Qual foi a minha surpresa ao abrir a porta do guarda roupas.
O meus vestido. Ele estava picotado. Picotado, rasgado e os pedacinhos caindo assim no gurada roupa. Gritei.
_ Mãeeeeeeeeeeeeeeeeee. Apavorada, triste, chorando.
Minha mãe veio correndo e quando viu ficou atônita.
"- Mas como? Como isso aconteceu? Você cortou seu vestido?
"-Não fui eu mãe, não foi. Foi aquela garotinha, deve ter sido ela."
"-Pare de inventar coisas menina, porque você fez isso?"
Minha mãe estava muito brava e me acusava.
"- Não fui eu mãe, não foi." E eu chorava.
Pegamos o vestido e minha mãe percebeu que ele havia sido cortado a tesoura.
E por incrível que pareça, a tesoura apareceu embaixo da minha cama.
Era um tesoura grande, pesada, daquelas de costura e que minha mãe guaradava na sala em cima da estante.
Para pegar essas tesoura eu teria de ter
ido até a cozinha, pego uma cadeira, arrastado até lá, e subido para alcançar a tesoura.
Minha mãe disse não ter ouvido nada naquela noite. E ela sempre dizia ter o sono leve.
Minha vó pediu para que eu cortasse um pedaço do tecido do vestido com a tesoura, para ver se os cortes eram parecidos.
Eu mal conseguia segurar aquela tesoura, muito menos fazer um estrago tão grande.
Esta história permanece um mistério na minha familia até hoje.
Hoje sou adulta e também mãe, sendo que me perguntam:
- Fala, aí! Depois de tanto tempo, não foi você que cortou o vestido?
Achavam que tive medo de confessar, e acabar apanhando do meu pai.
Mas eu mantenho o que disse há tanto tempo atrás. Não fui eu.
Eu não via a hora de usar aquele vestido.
Meus irmãos eram pequenininhos, e assim como eu, também não alcançavam a tesoura e nem conseguiriam cortar nada.
Seria eu sonâmbula? E se fosse, como pegaria a tesoura na estante sem fazer barulho?
E de onde tirei forças pra cortar, com tanta raiva e força aquele vestido, e picotá-lo a ponto de não ter conserto?
E a garotinha? Foi um sonho?
São perguntas até hoje sem resposta.
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Enviado por Paula Rodrigues (São Paulo - SP)
em nome de "Daiane" (Cajamar - SP) - Brasil |
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